Durante a ditadura do Estado Novo, milhares de portugueses tomaram o caminho do exílio. Este constituiu um importante fluxo contemporâneo de pessoas na história de Portugal. Homens e mulheres que fugiam à repressão, à prisão, à Guerra Colonial e à pobreza percorreram caminhos vários, entre eles os de muitos países europeus. Exilaram-se em França, na Bélgica, na Holanda, no Luxemburgo, na Suécia, na Dinamarca.
Esta exposição é sobre a memória e os vestígios materiais desses percursos, do “salto” clandestino da fronteira, aos objectos que marcaram os quotidianos e aos que vieram na mala do regresso…
Equipa #ECOS
A guerra tocou todas as famílias. 950 000 jovens foram mobilizados para as três frentes em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
Cerca de 9000 morreram, há cerca de 15 000 portugueses mutilados ou afectados com stress de guerra.
Cerca de 200 000 jovens portugueses não foram sequer à inspecção militar; entre 15 e 20 000 foram mas recusaram fazer a guerra saindo de Portugal; cerca de 9000 desertaram.
Para todos estes a solução foi a emigração/exílio.
Nesta exposição queremos dar a ver o que alguns desses jovens, nos vários países de exílio fizeram, para lutar contra o fascismo e a guerra colonial; as diversas dificuldades por que passaram; as diversas solidariedades que os acolheram; a desesperança de não voltar a ver amigos, família, o ponto de não retorno, o recomeço de outra vida noutro lugar de língua e costumes estrangeiros. Queremos falar de exílio, contrariar silêncios, lembrar memórias, objectos e narrativas de tempos incertos.