Escola Secundária Rainha Dona Leonor

#ECOS na Escola

Escola Secundária Rainha Dona Leonor
14 de Maio de 2021

O #ECOS visitou a Escola Secundária Rainha Dona Leonor, onde realizou uma pequena palestra com a participação de Fernando Cardoso (AEP61-74), em que os alunos tiveram a oportunidade de ouvir o relato e colocar algumas questões sobre a experiência do exílio. A partir das Fichas de Inventário, a equipa #ECOS e alguns alunos montaram um percurso expositivo temporário no Centro de Recursos Educativos e de Multimedia (CREM), onde foi possível conhecer melhor a temática do exílio. Leia aqui alguns testemunhos dos alunos:

Afonso Sobrinho

A palestra “Ecos” oferece-nos uma perspetiva única acerca de uma realidade política que
felizmente nunca vivenciei. O aspeto que eu achei mais interessante na palestra foi o
facto do orador ter dito que “Eu sinto-me um traidor à minha pátria” quando, como nós
sabemos, se vivia num período de ditadura em que o serviço militar era obrigatório e seria
ainda obrigado a lutar na guerra. Concluo referindo que tive um testemunho único acerca
de como é fugir do país por não se conformar com a realidade política aspeto que, a meu
verdadeiro, é o mais importante de todos.

Francisca Oliveira

A palestra “Ecos” despertou-me muito interesse e curiosidade em relação às pessoas que
saiam de Portugal a salto, numa tentativa de fugir ao regime repressivo e autoritário de
Salazar. Sempre ouvi falar das pessoas que o tinham feito, mas nunca tinha tido a
oportunidade de ouvir um testemunho dessa experiência em primeira mão. A exposição
que completava a palestra, localizada no CREM, foi igualmente interessante. Ler e ouvir
testemunhos de pessoas que viveram uma realidade tão diferente da minha, mostra-me
como estas experiências não estão assim tão distantes e que não posso tomar a vida que
tenho por garantida. Sem contar com a extrema bravura que é necessária para se
conseguir passar por uma situação como esta, de literal vida ou morte. Por fim, tenho a
dizer que a palestra foi muito bem organizada e executada, e o facto de podermos ouvir
um testemunho pessoal direto é importantíssimo, pois mostra à população e,
principalmente a nós jovens, que estas pessoas existem e não são apenas números no
manual de história.

Maria Inês Mendes

A palestra “Ecos” e a respetiva exposição foram sem dúvida alguma uma experiência
enriquecedora no que diz respeito ao conhecimento de uma realidade que felizmente não
é a nossa. Aquilo que me suscitou maior interesse foi o facto de conseguirem partir de um
acontecimento específico histórico, o período do Estado Novo, e desenvolver um projeto
intemporal e a nível mundial que reflita sobre a questão dos exilados. Gostei
especialmente da preocupação com o envolvimento de obras de arte e testemunhos reais
na exposição que transmitem aquilo que muitas palavras não conseguiriam dizer. Ficou-
me na memória (e cheguei mesmo a tirar uma fotografia) uma pintura em tons de
vermelho que simbolizava a opressão e a censura que obrigava muitos a saírem do país e
condicionou durante décadas a liberdade de expressão. Por fim, e não menos importante,
destaco a tomada de consciência que tive da enorme coragem de todos os exilados.
Coragem para enfrentarem situações desfavoráveis que constituem frequentemente uma
ameaça aos direitos humanos. Coragem para partirem e deixarem para trás uma vida
inteira sem saberem que o que os aguarda para lá da fronteira. Coragem para dizerem
que NÃO a um regime e a uma ideologia tendo consciência das consequências que isso
traria.

Marta Lopes

O aspeto que eu considerei mais interessante da palestra “Ecos” foi o facto de podermos ter acesso a tantos materiais, quer seja textos de participantes ativos enquanto exilados, ou mesmo objetos que têm um significado tão importante e que nos ajudam a compreender melhor as dificuldades que se viveram no período do Estado Novo, um regime autoritário que obrigou milhares de pessoas a procurarem uma novo lar fora da sua verdadeira casa que era o seu país. Estes testemunhos, que tiveram de abandonar o seu país por diversas razões, sendo uma delas política, auxiliam nos a manter viva esta realidade que durante tanto tempo existiu e que merece ter a sua devida atenção pelo sofrimento que causou a tantas pessoas, pois ninguém deveria ser obrigado a sair do seu país por ter uma opinião diferente.

Ana Sofia Reis

Sendo jovem e tendo crescido num país democrático, no qual sempre tomei por
garantidas as minhas liberdades, toda a palestra “Ecos” surpreendeu-me. O aspeto que
mais me despertou curiosidade foi a descrição da forma como o palestrante imigrou “a
salto” – este foi um tema que abordámos nas aulas de História A e que achei interessante
ouvir falar na primeira pessoa e todo o processo de arranjar um BI falso para se fazer
passar por um cidadão francês. A realidade do serviço militar obrigatório, apesar de não
ser novidade, também não deixou de me chocar. Ouvir relatos de um país no qual jovens
rapazes eram obrigados a deixar as famílias e partir para um confronto no qual a morte os
poderia esperar, é aterrador e é difícil acreditar que essa era uma realidade em Portugal.

Maria Barradas

Ao assistir à palestra “Ecos”, um dos pontos mais curiosos para mim foi poder ouvir em
primeira mão um testemunho de alguém que passou por uma situação inconcebível na
minha realidade. Infelizmente, esta foi a realidade de muitos portugueses que escolheram
fugir, ou mesmo sobreviver, ao Estado Novo. Apenas com um testemunho, conseguimos
sentir a determinação, a iniciativa e a vontade de agir que muitos portugueses sentiram,
por mais dura que a escolha fosse, significando, muitas vezes, deixar a família para trás.
Sendo uma das alunas que montou a exposição no CREM, tive o prazer de ler com calma
todos os outros testemunhos, conhecer histórias de vida e receber uma lição de vida com
as pessoas e até mesmo os objetos pela exposição dispostos. Na minha opinião, é de
louvar a atitude destes indivíduos que se arriscaram a eles e às suas famílias e tiveram
um papel ativo na luta pela democracia.

Mariana Gonçalves

A palestra “Ecos” e a exposição no CREM foram muito interessantes e, na minha opinião,
isso deve-se tanto à ideia principal do projeto, como à forma como este foi construído e
apresentado. Penso que é uma ideia admirável, a de tentar reconstituir uma época tão
“negra”, relacionando-a com aquilo que vivemos no presente, e, sobretudo, criando um
espaço seguro para a partilha de histórias de vida que foram praticamente esquecidas ou
ocultadas. Aquilo que mais me suscitou curiosidade foram as narrativas de pessoas que
experienciaram, elas próprias, situações tão difíceis que por vezes até chegam a parecer
impossíveis, ou saídas de um filme ou de um romance. Achei muito interessante a forma
como o projeto ECOS conectou as narrativas dos exilados com objetos como documentos
forjados ou mesmo simples lençóis, que na verdade não eram tão simples assim devido à
história que carregam consigo. Foi muito bom poder ver objetos que, apesar de tão
diferentes, de certa forma conectam imensas narrativas e pessoas, especialmente por
alguns deles serem objetos comuns que poderíamos encontrar em qualquer lado. Para
além disso, o facto de se dar uma oportunidade a estas pessoas, como o desertor
português que esteve presente na palestra, de contar as suas vivências e partilhar as
suas histórias de vida é algo fascinante, e que acho que sem dúvida contribui para
conseguirmos entender melhor aquilo que realmente foi viver naquela época, e aquilo que
os exilados passavam, sem nos restringirmos ao que está escrito nos livros de História.
De certa forma, o ECOS humaniza a História, dá-nos a ver que realmente existiram
pessoas que passaram por coisas impensáveis, e que tudo não se passou assim há tanto
tempo, que estas pessoas ainda estão entre nós e carregam consigo uma parte
importante da nossa História.

Simão Paulino

Acerca da palestra “Ecos” e da exposição, interessaram-me não só os documentos que se tornaram históricos entretanto mas que antes eram de uso quotidiano, como os
documentos de identificação falsos; o conteúdo dos relatos de exilados bem como a mera existência desses relatos – não deve ser fácil expor a intimidade de histórias tão pessoais e emocionalmente carregadas; mas também a própria presença de um exilado, que por si mesma nos merece respeito, já que é a presença de quem, simultaneamente, acarreta tanta história e a faz mover.

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